Se há um gênero que sempre foi desvalorizado na indústria cinematográfica, é o terror.
Assim como os musicais, o terror é um gênero com pouca aceitação entre a maior parte da comunidade de críticos responsáveis pelo reconhecimento das maiores produções de Hollywood.
A definição de Terror é debatida a anos, se perguntássemos aos maiores produtores da indústria cinematográfica “Qual foi o último filme de terror a ser abraçado pelo Oscar com uma indicação para melhor filme?” ouviríamos respostas diferentes.
Alguns diriam “Corra!” de Jordan Peele, utilizando o racismo como principal foco de sustos. Também teríamos algumas menções de “O Silêncio dos Inocentes”, com o terror psicológico de um serial killer.
Já os entusiastas do terror raiz citariam “O Exorcista”, que usa dos elementos sobrenaturais do diabo para segurar os espectadores.
Nenhum deles estaria errado, mas há muito tempo somos presenteados com produções de terror espetaculares, há até mesmo quem diga que estamos em uma “era de ouro do horror”.
Se isso é verdade, por que não estamos vendo isso refletido em premiações anuais?
Por isso, já em clima do Halloween, separamos abaixo 13 filmes (o famoso número azarado), que não receberam o reconhecimento merecido do Oscar nas principais categorias:
Melhor atriz: “The Babadook” (2014)
Essie Davis
Não é muito frequente personagens de filmes de terror, além de assustar, também emocionar o espectador. Essie Davis é um dos principais exemplos de atrizes de terror que foram inexplicavelmente ignoradas na temporada de premiações.
Melhor Roteiro Adaptado: “It” (2017)
Escrito por Chase Palmer, Cary Fukunaga, Gary Dauberman (baseado em “It” de Stephen King)
Adaptações de Stephen King já foram reconhecidas na Academia antes (“Carrie” e “A Redenção de Shawshank”), mas quando se trata dessa versão assustadora de Pennywise, o Palhaço, nenhuma premiação de Hollywood trouxe a tona os pontos fortes do filme.
Melhor filme: “Nós” (2019)
Jason Blum, Ian Cooper, Sean McKittrick, Jordan Peele (produtores)
A estreia de Jordan Peele em “Corra”” foi tão bem recebida que quando o Oscar ignorou “Nós” a internet, e alguns críticos, se revoltaram.
O filme é elevado por seu trabalho de câmera luxuoso e trilha engenhosa, tudo isso enquanto se agarra firmemente à sua narrativa assustadora e misteriosa. E não vamos esquecer o elenco magnífico que deixou todo mundo de queixo caído.
Melhor ator: “Psicopata Americano” (2000)
Christian Bale
A internet já deixou claro o suficiente a paixão por este clássico cult, mas vale a pena reforçar o quanto esse estilo de filme junto com a extraordinária atuação de Christian Bale ainda servem de referência no cinema de horror.
É também uma daquelas produções que geram debate se é ou não um filme de terror.
Melhor filme: “Os Outros” (2001)
Fernando Bovaira, José Luis Cuerda, Sunmin Park (produtores)
A estranha e perturbadora história de fantasmas de Alejandro Amenábar foi criticada por ser comparada ao filme “O Sexto Sentido” mas mesmo com a semelhança, possui um terror genuíno que assustou, e ainda assusta, muita gente até hoje, além de seus impecáveis cenários e figurinos.
A Academia também não permite que um ator seja indicado na mesma categoria por duas performances separadas, apesar da regra não existir para diretor (ou seja, Steven Soderbergh em 2000).
No caso, Nicole Kidman foi nomeada para “Moulin Rouge!” no mesmo ano.
Melhor atriz: “Hereditário” (2018)
Toni Collette atriz, que, por sinal, se não tivesse chocado o mundo do cinema em 1999, quando recebeu uma indicação de última hora por “O Sexto Sentido”, ainda estaria sem nenhuma indicação ao Oscar até hoje.
Em “Hereditário” Collette dá uma aula sobre atuação, foi até uma surpresa que a atriz tenha sido esquecida no Oscar. Ou os eleitores da Academia não assistiram, ou não se importaram com o filme. Ambos seriam inaceitáveis.
Melhor Roteiro Original: “O Segredo da Cabana” (2012)
Escrito por Joss Whedon, Drew Goddard
Filmes de terror onde um grupo de universitários se reúnem em uma cabana no meio do nada pode ser clichê, mas é exatamente por isso que “O Segredo da Cabana” é genial.
O roteirista Drew Goddard joga o cenário estereotipado de forma inteligente com uma sátira rodeada de referências.
Melhor ator: “Ao Cair da Noite” (2017)
Joel Edgerton
Poucos cineastas conseguem explorar o enredo de um monstro invisível, mas Trey Edward Schults conseguiu brilhantemente fazer isso quando deu á Joel Edgerton um de seus melhores papéis até agora.
Mesmo que o filme tenha tido uma péssima repercussão entre o público pelo enredo no mínimo confuso, isso não tira o mérito de Edgerton que entregou a melhor performance do filme.
Melhor Roteiro Original: “Corrente do Mal” (2015)
Escrito por David Robert Mitchell
Este filme leva mais crédito por realmente fazer os críticos refletirem sobre o espaço que o gênero terror tem tomado. O desenvolvimento lento do monstro invisível no filme é construído de forma muito inteligente dentro do roteiro, acompanhado de um design sonoro aterrorizante.
Melhor Atriz: “Um Lugar Silencioso” (2018)
Emily Blunt
Precisamos conversar sobre o fato de Emily Blunt entregar uma performance dolorosa e brilhante, sem poder soltar a voz em “Um Lugar Silencioso”. Com apenas expressões faciais e linguagem de sinais, ela conseguiu retratar o esforço de uma mãe determinada em proteger os filhos.
Ela merecia a estatueta só pela cena de parto na banheira!
Melhor Diretor: O Iluminado (1980)
Stanley Kubrick
Hoje, O Iluminado é legitimamente reconhecido como uma obra essencial do gênero. No entanto, o filme não foi bem recebido após o lançamento, e até ganhou duas indicações ao Razzie Award (para Pior Atriz e Pior Diretor), oposto do Oscar.
Se não Kubrick para melhor diretor, então Jack Nicholson deveria ter sido facilmente reconhecido como ator principal por ter entregue uma das performances mais icônicas do cinema.
Melhor Roteiro Original: A Bruxa (2015)
Escrito por Robert Eggers
A Bruxa foi o filme de terror mais aclamado de 2015, e ajudou a inaugurar a era do A24. Com 90% no Rotten Tomatoes o filme recebeu elogios para seu roteiro, direção e atuação.
O filme ganhou outros prêmios nesses departamentos, incluindo um Bram Stoker Award for Superior Screenplay, um Empire Award de Melhor Novato Feminino, um Independent Spirit Award de melhor primeiro roteiro e o Prêmio de Direção do Festival de Sundance. E nem uma única indicação ao Oscar.
Melhor Trilha Sonora: “Halloween” (1978)
John Carpenter
Por mais que amamos Halloween e por mais que os críticos estivessem errados sobre isso em 1978, entendemos por que suas atuações e roteiro simples não foram elogiados pela Academia.
No entanto, é difícil negar que a trilha sonora do filme é genial. Carpenter compôs a simples canção em questão de dias, e a música tem sido copiada em thrillers desde então. É agora uma das músicas mais icônicas da história do cinema.
Meleka Pop 