O terceiro filme da franquia Kingsman, que estreia no cinema nesta quinta-feira (06), é o retrato de uma franquia em conflito. O sucesso avassalador do primeiro filme (Kingsman: Serviço Secreto) pegou muitos de surpresa, e talvez tenha tido o melhor equilíbrio entre a mensagem que o diretor, Matthew Vaughn, queria passar, enquanto ainda oferecia ao espectador um excelente espetáculo visual.

No segundo filme, porém, as altas expectativas criadas pelo primeiro longa fez com que o diretor cometesse um erro clássico ao “inflar” a sequência. Mais ação, mais astros, mais locações, mais figurinos, mais bugigangas. Enfim…mais. Em ”Kingsman: O Círculo Dourado” o equilíbrio entre a história e o espetáculo visual esperado por muitos se perdeu, e a recepção do público não me deixa mentir.

Em “King’s Man: A Origem”, Vaugh abandona o futuro complicado da série e volta ao passado para explicar o surgimento da agência de espiões. Enquanto o primeiro filme discutia a influência de grandes corporações na política e o abandono das classes mais pobres em benefício dos detentores de grandes riquezas, o segundo filme se dispôs a discutir a legalização de drogas. Neste terceiro, o diretor optou por um tema mais “simples”, com uma mensagem antiguerra.

Ambientado em meios aos acontecimentos que levaram a primeira guerra mundial, a trama do filme discorre sobre a vaidade e a mesquinhes dos poderosos que alimentam guerras apenas para resolver conflitos egolototras enquanto colocam em jogo a vida de milhões. A mensagem não é bem novidade, mas é conduzida com muita sobriedade pelo filme, que faz um bom trabalho em suas escolhas para dar o devido peso à mensagem.

Contudo, essa mesma sobriedade que faz o filme passar longe de seus antecessores, que mais pareciam paródias bem humoradas dos filmes de espião como James Bond. Com uma trama mais séria, “King’s Man: A Origem” se distancia do tom deixado pelos seus antecessores.

É claro, a identidade visual e a excelente coreografia adotada por Vaughn ainda estão presentes no filme, mas o nome é fácil esquecer que o filme faz parte do mesmo universo deixado pelos filmes anteriores.

O novo longa tem uma mensagem poderosa e atemporal, e cumpre bem seu papel de entreter, mas diária de seu próprio universo.

Cena pós-credito

Sinalizando uma possível continuação em sua cena pós crédito, como virou comum de blockbusters desse nível , o filme até lembra o tom mais “pastelão” de Kingsman, mas resta saber se o próximo filme da franquia, se ele chegar a ser produzido, vai conseguir encontrar o seu tom sendo dividido entre a sobriedade e a excentricidade que permeiam a franquia agora.