Nem a suástica, nem cruz em chamas da Ku Klux Klan ou a saudação nazista. Movimentos de supremacia branca têm buscado novos símbolos para se identificar. E o cinema tem estado atento a esses acenos.
Se antes unir o dedo polegar e indicador em um círculo era um sinal de ‘OK’, a Liga Antidifamação (ADL, na Sigla em inglês) adicionou o sinal a lista de símbolos de ódio quando movimentos de supremacia racial da extrema direita disseminaram uma nova interpretação para o sinal. O ‘OK’ virou um aceno simbolizando as letras ‘WP’, de White Power. E mais o ato de beber leite também ter sido resinificado como uma saudação entre supremacistas brancos.

O leite como um símbolo de supremacia racial pode ser traçado a partir do início do século 20. Quando em 1920 o Conselho Norte-Americano de Laticínios publicou em artigo defendendo que pessoas que ingeriam grandes quantidades de leite eram mais inteligentes, progressistas e intelectuais.
O título do artigo era: “Pessoas que apreciam arte, literatura e música, que são progressivas na ciência e em todas as atividade do intelecto humano são as pessoas que usaram boas quantidades de leite e seus produtos derivados.”
Esse tipo de constatação vinha associada a ideia de que negros eram intolerantes à lactose, e assim sendo, eram inferiores aos brancos. A ideia é tosca, mas foi recuperada durante meados dos anos 2000 por grupos de supremacistas brancos que se apropriaram de pesquisas sobre genética humana que estudava o traço genético que era mais comum entre pessoas brancas e que permitia a ingestão de Laticínios durante a vida adulta. É importante dizer que o traço não é exclusivo de pessoas brancas, e que na pesquisa também foi identificado em pecuaristas nômades na África.

Não é preciso dizer que grupos supremacistas distorcem essas pesquisas e não sabem – e também não querem – interpretar os dados de forma correta, na busca desesperada de tentar provar algum tipo superioridade. Buscando “pureza genética” em uma área que deveria celebrar a diversidade. E tentam associar o traço genético a um discurso de superioridade. E tem utilizado o copo leite como um aceno entre si.
Mas onde entra o cinema nessa história? Bem, o cinema é uma das ferramentas culturais mais importantes da nossa história. Quando nossa cultura e conhece esse tipo de movimento, representá-lo é uma forma de combatê lo. Não ignorar os sinais de um movimento que prega a ignorância e a divisão.

É onde entram diretores como Jordan Peele, que seu filme Corra! (2017) coloca a personagem da família supremacista bebendo um copo de leite enquanto busca por uma nova vítima negra para os experimentos da família – isso enquanto separa cereal “coloridos” dos “brancos” para reforçar os ideais de segregação -. Ou personagens como o Coronel e agente da SS do regime nazista Hans Landa (Christoph Waltz), bebe um copo de leite durante a abertura do filme Bastardos Inglórios (2009), de Quentin Tarantino. Séries como Watchmen, que discute o racismo no Estados Unidos também se fazem cientes da associação, entre muitas outras. É importante tomar ciência desse tipo de movimento. É importante reconhecê-lo também para além das telas do cinema:




